Retextualização
A
produção de um novo texto com base num já existente é um processo de
retextualização, que compreende operações que evidenciam como a
linguagem funciona socialmente. Por isso, nessa atividade, devem ser
consideradas as condições de produção, de circulação e de
recepção dos textos. Quando a retextualização requer a passagem
do oral para o escrito, envolve estratégias de eliminação (por
exemplo, de marcas interacionais, hesitações) e inserção (por
exemplo, de pontuação), substituição (por exemplo, de uma forma
mais coloquial para uma mais formal), seleção, acréscimo,
reordenação, reformulação e condensação (por exemplo,
agrupamento de ideias).
Retextualizar é
transformar o material de um texto – a entrevista – noutro texto,
como é o texto de memórias literárias. Precisamos pensar nas
diferenças entre a entrevista, que é o texto original, e o texto
escrito, de memórias.
A primeira
diferença que podemos notar é que um é texto oral e
outro é texto escrito.
Isso quer dizer que no texto oral temos o marcas de interação
(marcas interacionais), como o “né”, “daí”, “aham”,
“hum” etc. Algumas
formas do dia a dia são exemplos de linguagem coloquial.
Para passar esse texto para a forma escrita, devemos procurar formas
mais próximas da linguagem formal.
Ou seja, podemos substituir “pra”, “prum”, “deus de”,
“fazê” / “estudá” por “para”, “para um”, “desde”,
“fazer” e “estudar”, por exemplo. Nem tudo que é falado na
entrevista aparece no texto de memórias.
O
autor precisa selecionar aquilo
que achar mais importante para o entendimento da história por alguém
de fora, que não conhece o entrevistado; acrescentar
informações, se necessário
para essa finalidade. Trocar a ordem, juntar coisas ou mudar o jeito
de dizer é o que faz do texto de memórias um exemplo de literatura,
que é um trabalho artístico da linguagem. A
mesma entrevista pode gerar textos muito diferentes, de acordo com o
ponto de vista do autor, com a linguagem que ele escolher usar, com
as passagens que decidir narrar. Usar
a criatividade é muito importante!
Vamos
recuperar o que já foi
trabalhado. Lembrem-se
de:
- Retomar as informações dadas pelo entrevistado no depoimento; selecionar as histórias e os fatos mais interessantes e pitorescos;
- Transmitir ao leitor as sensações e emoções que surgiram durante a entrevista;
- Citar objetos e costumes de antigamente, fazendo comparações entre o passado e o presente;
- Usar palavras e expressões que marquem o tempo passado;
- Mostrar os sentimentos e sensações rememorados pelo entrevistado: cores, cheiros, sabores e movimentos;
- Lançar mão de recursos literários para tornar o texto interessante.
Os
textos devem ser produzidos em sala de aula. Depois de revisados,
serão reescritos.
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